25 de Abril ... Geração da Liberdade
Aqui fica o discurso do Líder do CDS-PP da Amadora João Paulo Castanheira:
DISCURSO PROFERIDO NA SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA DO 33º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL
As minhas primeiras palavras são, necessariamente, de saudação e de agradecimento a todos quantos naquela manhã luminosa de Abril tornaram possível a concretização de um sonho de gerações – o fim do regime opressivo que dilacerava Portugal e o início do caminho que haveria de culminar no triunfo da liberdade, da democracia e do desenvolvimento.
A esta distância, apetece dizer que VALEU A PENA!
O momento que hoje celebramos foi, indiscutivelmente, o primeiro dia do resto da vida de todo um país. Um dia em que, repentinamente, o futuro parecia ter vindo ao encontro de Portugal.
A coragem dos militares, a determinação dos políticos e, sobretudo, a irreprimível vontade do povo ofereceram ao nosso país um momento libertador sem paralelo, o ponto de viragem que para tantos outros povos não passava, naquele tempo, de um sonho longínquo.
Estávamos então em 1974 e por aqueles dias metade da Europa permanecia vergada ao totalitarismo soviético e aos seus dogmas ideológicos, que ao longo de décadas estilhaçaram os sonhos e as vidas de milhões de cidadãos que como nós, portugueses, apenas pretendiam viver em liberdade.
Para o CDS-PP, a evocação do 25 de Abril será sempre a melhor oportunidade para celebrar o triunfo da democracia.
Mas se é verdade que a 25 de Abril de 1974 foi derrubado um regime autoritário, que havia oprimido o país durante longos anos, é de inteira justiça afirmar que somente a 25 de Novembro de 1975 foi efectivamente reposta a normalidade democrática em Portugal.
Os tempos conturbados que se seguiram ao 25 de Abril e, em particular, o verão quente de 1975, trazem-nos à memória o pior da nossa história recente – uma dramática sequência de arbitrariedades, ocupações selvagens e atropelos aos mais elementares direitos individuais, dando corpo a uma deriva extremista, que ameaçava arrastar Portugal para uma guerra civil fratricida ou para as trevas de uma ditadura comunista.
Sem o 25 de Novembro de 1975, o 25 de Abril de 1974 não seria hoje comemorado como o momento fundador do regime democrático português.
É por isso que, nesta ocasião, recordamos o papel decisivo de homens que, tendo estado no 25 de Abril, fizeram também o 25 de Novembro. Militares como Jaime Neves, Ramalho Eanes, Tomé Pinto e tantos outros a quem hoje prestamos a nossa sentida homenagem.
Homenagem que não ficaria completa sem uma referência aos políticos que souberam resistir à tentação totalitária de alguns sectores, que à época se diziam democráticos. Entre esses políticos, evocamos respeitosamente a memória de Adelino Amaro da Costa e Francisco Sá Carneiro.
Estando nós reunidos numa Sessão Solene da Assembleia Municipal da Amadora, é da mais elementar justiça afirmar que o poder local democrático foi, sem margem para dúvidas, uma das grandes conquistas de Abril.
Deve-se, em grande medida, ao poder local a verdadeira revolução operada em Portugal ao longo dos últimos 30 anos. Uma revolução serena e pacífica, tal como a que teve lugar a 25 de Abril de 1974. Uma revolução que mudou a face do país, levando estradas, água potável e saneamento básico a populações que até aí viviam à margem das mais elementares condições de vida.
A nossa cidade é, ela própria, um exemplo vivo da afirmação do poder local democrático, sendo o primeiro município criado após a revolução de Abril.
Não sendo este o local nem o momento adequado para avaliar o desempenho dos executivos autárquicos que geriram os destinos da nossa cidade, é justo afirmar que, apesar do muito que falhou, a Amadora está hoje incomparavelmente melhor do que a freguesia suburbana e incaracterística que existia em 1974.
Também por isso, valeu a pena!
Minhas Senhoras e meus Senhores, entende o CDS-PP que o aniversário do 25 de Abril não deve restringir-se a uma mera evocação histórica, sendo também o momento certo para que, em conjunto, façamos uma reflexão, ainda que necessariamente breve, acerca do futuro do país.
O passado recente, vem-nos revelando crescentes sinais de atropelo aos valores de Abril. Sinais que, de tão claros, nem a mais poderosa máquina de propaganda política conseguirá apagar.
Refiro, desde logo, o preocupante processo de encerramento administrativo do interior do país. Ao fechar de forma cega e irresponsável, escolas, centros de saúde, serviços de urgências, tribunais e postos das forças de segurança, o Governo de Portugal envia a mais errada das mensagens aos cidadãos que, estoicamente, resistem no interior do país – deixem as vossas terras e venham juntar-se ao caos do litoral.
Obrigar crianças portuguesas a nascerem em Badajoz seria, em qualquer circunstância, um erro histórico. Mas seria, apesar de tudo, apenas um detalhe, não fosse inscrever-se numa lógica mais vasta de ataque à coesão e à soberania nacional.
O essencial é que, por mais ampla que seja a maioria política que, circunstancialmente, governa o país, não nos parece que tenha legitimidade para abandonar metade de Portugal. Os portugueses de hoje têm para com os portugueses de amanhã a obrigação de aprofundar a coesão e manter intocável a soberania sobre a totalidade do território nacional.
Ao mesmo tempo que assistimos ao encerramento administrativo do interior do país, alegadamente como forma de equilibrar as contas públicas, vemos serem lançados projectos verdadeiramente faraónicos que, a serem concretizados, custariam ao país milhares de milhões de euros, sem que dos mesmos resultem benefícios evidentes para os cidadãos.
Reflicta-se um pouco sobre o Aeroporto da Ota, porventura o mais chocante dos exemplos nesta matéria. De forma obstinada e fechando os olhos aos alertas que se multiplicam, pretende o Governo construir um aeroporto demasiado caro, cuja capacidade é demasiado curta, num local demasiado mau e que situa demasiado longe de Lisboa.
Para lá dos consultores pagos pelo próprio Governo, ninguém mais neste país parece acreditar convictamente na solução imposta pelo executivo.
Ainda assim, há um Ministro que afirma que a construção do aeroporto da Ota é um compromisso pessoal, do qual não abdica. O compromisso é do Senhor Ministro, mas o dinheiro é nosso! E como tal os portugueses têm o direito e, mais do que isso, têm o dever de, democraticamente, suscitarem a discussão, questionarem a opção e exigirem a mais absoluta clarificação. A construção do novo aeroporto de Lisboa não é um projecto qualquer.
A polémica a respeito destas e de outras matérias, algumas das quais embora pouco importantes são contudo suficientes para pôr em causa a insuportável arrogância moral de alguns dos nossos governantes, tem conduzido a sucessivos relatos de interferência política nos órgãos de comunicação social.
Atingimos, há dias, aquilo que parece ser o grau zero do respeito pelo pluralismo e pela transparência democrática. Sem titubear, o Partido Socialista decidiu sentar-se em cima de uma das estações privadas de televisão, passando assim a poder interferir, directa ou indirectamente, em três dos quatro canais abertos existentes em Portugal.
Há, minhas Senhoras e meus Senhores, crescentes sinais de preocupação no nosso país.
Mas há também uma grande esperança em Portugal e nos portugueses. Ainda que por vezes o nosso povo pareça desatento e alheado da vida política, jamais tolerá um retrocesso em relação aos valores que hoje aqui celebramos.
VIVA A DEMOCRACIA
VIVA A LIBERDADE
VIVA PORTUGAL
Concordas com a nossa vis? para a Amadora? Vem connosco!
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