Este país que eu leio...
Vejo neste país coisas que me surpreendem, por exemplo, que na cidade ao lado - e aquela a que os jovens da Amadora estão quase obrigados a fazer migrações diárias nem que seja para ir ao cinema – há numa das vias com menos acidentes, um radar que impõe uma velocidade máxima de 80Km/h. Isto apesar da via, a radial de Benfica, ter 3 fachas em cada sentido, e parecer-se mais com uma auto-estrada do que com outra coisa qualquer. Dado que num ano apenas se registou um acidente, e que a via tem excelentes condições, melhores do que outras vias da capital, qual a explicação para colocar ali um radar? Porque os condutores transgridem? Certamente, poucos andaram a 80Kms/h naquela via. E isso dá uma penalização com pesadas coimas certo? Certo.
Vejo ainda que há um problema com os estádios construídos para o EURO 2004. Sou daqueles que apoiou o evento, vibrei com o campeonato da Europa, e particularmente com a selecção nacional. Defendi mesmo que talvez o número de estádio não fosse exagerado. Dizia que, com menos investimento não teríamos a certeza de que a organização do campeonato viesse para Portugal. O que me parece óbvio é que os estádios estavam sobredimensionados. Para além disto, o investimento das Câmaras Municipais neste campo levanta algumas questões muito pertinentes. Vemos que dos cinco estádios do Euro com maior taxa de ocupação média, apenas um é municipal (Braga, em terceiro lugar). Dos restantes só o de Guimarães não é municipal. Só estes factos já dariam que pensar sobre como são gastos os dinheiros públicos, mas ainda há mais. Três casos em particular chamam a atenção. O já falado estádio de Faro - Loulé, com capacidade para trinta mil espectadores. Está às moscas! O caso do Estádio Municipal de Aveiro, que foi construído com uma capacidade para 31 498 espectadores. Tem uma assistência média em jogos do Beira-Mar de 4 563 espectadores. Claro caso de contas mal feitas. E finalmente, aquele que a meu ver é o caso mais escandaloso de todos. O Estádio Municipal de Leiria, que num país a sério já tinha dado para uma investigação judicial e uma acusação de gestão danosa. O referido recinto, ainda em obras, ou melhor dizendo, que ficou com os acabamentos por concluir, serve de palco aos jogos do União de Leiria. O que talvez nem todos saibam é que é a Câmara Municipal que paga ao clube da cidade para jogar no seu estádio, ou seja, o dono do estádio (a empresa municipal Leirisport), paga ao clube local 746 mil euros para jogar num estádio novo. Ficamos ainda a saber que a referida empresa, decidiu rever o contrato com a União, e assim passará segundo o novo contrato a uma relação em que o saldo é zero. Ficamos muito mais satisfeitos.
Finalmente leio, naquele que é o segundo artigo de Miguel Sousa Tavares na mesma edição do jornal, os seus 50 desejos para o país em 2007. Talvez porque 50 é um numero redondo e pega bem. O artigo, está politicamente correcto, ou seja, servindo como amplificador daquilo que o cidadão comum diz à hora de jantar na análise que faz entre uma garfada de arroz e uma molhadela do pão no molho do bife. Hoje é fácil ser-se popular, desde que não se seja político, nem se mande ninguém para o desemprego, quem aparece na televisão só pode ser pessoa de bem. Entre os desejos do comentador, está a extinção das claques de futebol e das juventudes partidárias. Obviamente que me sinto atingido pela critica, afinal sou dirigente local duma organização política de juventude. Não sei até que ponto é para levar a sério o desejo, pois desejos cada um tem os que quer, eu desejo há algum tempo o primeiro prémio do Euromilhoões e um dos 150 mil postos de trabalho prometidos em campanha eleitoral pelo Eng. Sócrates, e continuo à espera. Porém os meus desejos não vêm no jornal. Ao ler o artigo na íntegra não posso deixar de pensar que talvez o desejo de Miguel Sousa Tavares seja mesmo ser político, tais são as referências a esta classe, e dado que ele quer mudar toda a gente, da esquerda a direita, talvez fosse mesmo vontade dele, ser o próprio a assumir as funções. O problema reside na opção a fazer. Pois se o senhor age em causa própria e demonstra tanta parcialidade, ou era um partido unipessoal ou teria de estar em vários partidos consoante as matérias a tratar. Mas quanto aos desejos em concreto, diria que o senhor talvez devesse perceber melhor o que são as juventudes partidárias, que se há vícios, eles existem também nos partidos, e estes serão mais um reflexo da sociedade do que propriamente incutidos pelas jotas. Estas assumem um papel, muitas vezes difícil na actual sociedade. Não é fácil, nem são grandes os estímulos, para pensar politicamente a nação, sobretudo quando se é jovem. O seu apelo é ao esforço e ao rigor. Mas pergunto: quererá o Dr. Sousa Tavares apenas uma geração de marrões ou cabulas com palas nos olhos? Que não questiona, nem pensa o rumo ou as decisões dos agente públicos e políticos? Talvez não sejam as juventudes partidárias o ideal de actuação dos jovens, mas sendo sinceros, que opções nos restam? Será esse, de facto, um dos 50 piores problemas da nação?
Finalmente sobre a política interna, leio com atenção a pergunta do Dr. Pires de Lima. E é nestas alturas que vejo claramente que não sou um liberal, pelo menos não um liberal como estes. Também defendo o mercado, mas não o mercado estúpido. E não estou a chamar estúpido a ninguém, senão ao dito mercado. Defendo um mercado em que exista responsabilidade social, em que o lucro, provenha legitimamente da actividade das empresas, e não dos favores políticos, dos negócios menos claros, dos paraísos fiscais, nem seja à conta de salários medíocres, que quase fazem lembrar uma neoescravatura. Quero um mercado limpo, com concorrência, e com uma regulação a sério. Mas voltando ao assunto interno diz o reputado comentador: “O primeiro, (pedido) ao eng. Sócrates para que continue a governar com energia e determinação e de acordo com as suas convicções.” Está à vista a alternativa que se perfila para a liderança do CDS. De facto determinação não tem faltado ao eng. Sócrates, até demais, diria mesmo que ele é o verdadeiro marreta. Mas sobre a questão interna diz Pires de Lima: “Vai o partido viver o mês que falta, de uma campanha tão fundamental, em clima aberto de guerras pessoais? É essa a sua agenda para o mês de Janeiro, dr. Ribeiro e Castro?” Digamos que no mínimo não ter noção do razoável.
É estranho, é muito estranho este país leio num semanário.
Concordas com a nossa vis? para a Amadora? Vem connosco!
1 Comentários:
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16/1/07 23:50
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