Porque será que, de cada vez que os jornais falam em Ribeiro e Castro, líder do CDS-PP, logo a seguir acrescentam coisas como “um líder cada vez mais a prazo”, um líder que “deve ser substituído no próximo ano”, um líder que “o partido não deseja”, um líder que “não se consegue impor e vai ser substituído em breve por Portas”? E digo isto porque a maioria das frases que citei não vinham em artigos de opinião, escritos por cronistas relevantes, mas sim em artigos de notícias. A gente está a ler uma notícia do Público, ou do Expresso, ou do Sol, ou do Diário de Notícias; uma notícia sobre uma conferência de Portas, um acordo secreto sobre o aborto, ou sobre umas declarações do próprio Ribeiro e Castro, e lá vem, subrepticiamente, uma frasezinha assassina, reveladora de um desejo futuro, mas que obviamente não é notícia. É uma ideia, que faz o seu caminho, e de tanto ser repetida já foi elevada à categoria de adjectivo permanente, classificativo. No fundo, para a maioria dos jornalistas que segue o CDS-PP, a coisa já está decidida, e convém lembrar os leitores disso mesmo. É como se os jornalistas se permitissem a um pequeno momento de intimidade com os leitores, não vá eles, os idiotas, esquecerem-se pá, que obviamente pá, o gajo não vai durar muito no lugar e o Portas já lhe anda a fazer a folha!
É certo que Ribeiro e Castro tem deixado que este ambiente se instale, como também é certo que Paulo Portas e “sus muchachos”, que sempre se mexeram muito bem na imprensa, conseguem fazer passar esta ideia, corroendo com permanência, mas sem pressa. No entanto, não deixa de ser estranho que tantos jornalistas façam tantas notícias com tanta propaganda lá metida dentro. Na verdade, ninguém sabe o futuro, nem as voltas que o mundo dá, nem se as declarações do dr. Portas interessam para alguma coisa daqui a uns meses, nem se o Dr. Ribeiro e Castro se vai aguentar, mesmo com os jornalistas a tratarem-no como um morto político com data de funeral marcado. Ao CDS-PP aplica-se a célebre máxima do Gabriel Alves do futebol: “é uma caixinha de surpresas”. Há sempre imensas “movimentações”, “ideias”, “possibilidades”, e de repente, alguém marca um golo na própria baliza, ou dá um frango, ou falha um penalty, e todos ficam surpreendidos. É giro, mas como se sabe não muda muito as coisas. O CDS-PP é uma espécie de passatempo preferido da direita: uns tipos a ver se acertam nas palavras cruzadas, outros mais modernos a tentarem o Sudoku, e o tempo vai passando, uns dias com vento, outros com brisa.
4 de Outubro de 2006
Concordas com a nossa vis?
para a Amadora?
Vem connosco!
1 Comentários:
E só para rematar, vejam lá o que "pensa" a Judite de sousa do CDS-PP:
http://jn.sapo.pt/2006/10/07/opiniao/o_novo_cds.html
E é este o chamado serviço público!?
7/10/06 02:44
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