A outra face de Abril ...
Amanhã comemora-se o 32º aniversário da revolução dos cravos. Não obstante de ter terminado com mais de 30 anos de um regime totalitário e opressor, que repudio com todas as minhas forças seja ele de que ideologia for, questiono-me quanto ao benefício que trouxe ao país, não relativamente à revolução em si mas quanto ao resultado que daí adveio.
Senão repare-se: uma constituição marcadamente socialista que empurra o país para a cauda da Europa, atrasando o desenvolvimento económico e travando o crescimento nacional; uma sociedade onde é democrata pensar à esquerda e que repudia e conota de fascista toda e qualquer ideologia de direita de carácter democrático; um processo de descolonização extremamente negativo quer para Portugal quer para as ex-colónias em si que, muitas delas, 32 anos passados ainda não encontraram o caminho da democracia e se encontram em constantes guerras civis e instabilidade governativa; o retorno dos colonos e a imigração frenética que Portugal sofreu com o processo de descolonização que resultou no aparecimento de subúrbios nas grandes cidades, de bairros degradados, de condições precárias de vida e no esgotamento do mercado de trabalho e de educação que o país ainda hoje vive; a tentativa, felizmente gorada, de tornar Portugal, saído de um regime totalitário de direita, num regime totalitário de esquerda (e os ditadores somos nós de direita …); o total desgoverno económico-social que se viveu nos anos seguintes ao 25 de Abril de 1974 que têm ainda repercussões na sociedade e economia de hoje; a revolta tacanha dos trabalhadores agrícolas, fabris e não só contra os latifundiários e patrões que destruiu o património que, em muitos casos, levou uma vida inteira, ou mesmo gerações, a construir.
Em suma, não obstante do benefício de toda uma geração, de há 32 anos para cá, ter crescido, vivido e amadurecido em liberdade de expressão e pensamento, Portugal paga ainda hoje a factura de um processo de transição de ditadura para regime democrático notoriamente mal gerido. Dou graças pela liberdade que vivo hoje, e tenho a perfeita noção, apesar de não ter vivido a governação do Estado Novo, que estou melhor livre do que oprimido. Que estou melhor em democracia e que, talvez por isso, pensar como penso e como traduzo neste texto seja possível sem sofrer represálias. Mas talvez seja esse o único benefício que Portugal e os portugueses têm, não pela revolução em si mas pelo deturpado, irresponsável, atabalhoado e absurdo processo de transição entre o Estado Novo e a Democracia multi-partidária em Portugal. Tínhamos o dever de fazer melhor, tínhamos diversos exemplos anteriores de diversos países do mundo que viveram a mesma situação, tínhamos diversos exemplos de países primeiro-mundistas e democráticos, tínhamos o dever de ter evitado todas estas consequências que não só prejudicaram o país na década de 70 e 80 mas que ainda hoje a minha geração, a geração pós-25 de Abril, paga a factura e sem ter tido culpa nenhuma.
Somos livres, mas estamos presos a uma âncora que nos arrasta para o fundo e que ano após ano nos faz divergir ainda mais dos países com os quais no queremos comparar, com os quais outrora nos comparámos.
É tempo desta geração fazer o que têm a fazer: mudar o futuro.
Viva a Democracia! Viva Portugal!
Um óptimo feriado para todos.
Concordas com a nossa vis? para a Amadora? Vem connosco!
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