E Agora Senhor Presidente da Câmara?
Com a eleição do Eng.º José Sócrates, esfumou-se o argumento da alegada responsabilidade do Governo PSD/CDS-PP. De uma vez por todas, a Câmara Municipal da Amadora terá agora que concluir o PER, pondo fim às condições desumanas em que continuam a viver milhares de cidadãos carenciados, a Sorefame terá rapidamente que retomar a produção de comboios e até as portagens da CREL terão que desaparecer, dando lugar a mais uma SCUT que alguém haverá um dia de pagar.
E agora Senhor Presidente da Câmara?
Tenho a certeza que sente a mesma vergonha do que eu quando percorre os becos retorcidos e enlameados de bairros como o 6 de Maio, o Estrela de África, a Encosta Nascente ou Santa Filomena. Mas a verdade é que o Orçamento e as Grandes Opções do Plano da Câmara Municipal da Amadora para o ano 2006 não prevêem uma única operação de realojamento em todo o município. Como se esperava, a chegada do Partido Socialista ao Governo não trouxe boas notícias para a nossa cidade.
A oposição de esquerda bem se tem esforçado por dar ao executivo socialista um novo pretexto para que o programa de realojamento não recomece. A todo o custo, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista tentam travar a demolição de habitações degradadas, com o objectivo de colocar alguma areia na engrenagem, para que tudo continue exactamente como está. Um corrupio de manifestações, propostas, requerimentos, moções e providências cautelares.
À frente de um cortejo de associações cívicas, anarquistas, trotskistas, malabaristas e mediadores culturais a rapaziada do Bloco de Esquerda vai inflamando o ambiente, em directo para a televisão. Por um minuto de telejornal, o Dr. Louçã faria o pino no alto da Azinhaga dos Besouros, antes de tomar um banho quente e partir para uma revigorante jantarada no Gambrinus.
Entretanto, há mais de duas mil famílias regularmente inscritas no PER que aguardam por uma casa há dezenas de anos. E muitas mais, ninguém sabe ao certo quantas, que não constam sequer do recenseamento daquele programa, porque a gestão comunista que então dirigia a autarquia decidiu esconder uma parte importante do problema, fingindo que o maior de todos os bairros degradados da Amadora – o Alto da Cova da Moura – não existia. E fechando os olhos às tenebrosas caves, sótãos e anexos da Brandoa, onde se sobrevive tantas vezes pior do que nas mais insalubres barracas deste país.
Os partidos de esquerda, que por uma qualquer legitimação histórica que se desconhece se julgam detentores do monopólio das preocupações sociais, dirigem a Câmara da Amadora desde 1979, ano em que o concelho foi criado. De então para cá, a política municipal de habitação já passou por várias fases:
De 1979 a 1997, o Partido Comunista fomentou a multiplicação descontrolada de construções abarracadas um pouco por toda a cidade, chegando ao ponto de distribuir pregos, tábuas e demais artefactos essenciais ao apetrechamento dos aglomerados clandestinos – foi a fase do abarracamento.
De 1998 a 2002, o Partido Socialista lançou um importante conjunto de empreendimentos de habitação social, recorrendo infelizmente a um modelo de realojamento que a Europa abandonou nos anos 60 do século passado e que consiste na concentração dos habitantes em gigantescos bairros sociais – foi a fase da guetização.
De 2003 a 2005, o PER foi interrompido porque o Partido Socialista preferiu investir em quinquilharia urbana, atafulhando a cidade com rotundas, palmeiras, repuxos, canteiros, jardins e taludes embonecados – foi a fase da inacção.
Estaremos atentos ao que se vai seguir.
João Castanheira
Presidente da Comissão Política
Concelhia do CDS-PP
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